“CABOCLO”
Dizem que um certo dia o caboclo Pena Branca chegou, a casa não tinha porta e nem janela, só tinha uma porta de entrar e sair, pois a outras não existiam pois eu não tinha condições de comprar. O caboclo mandou que abrisse as portas e as janelas, pois nesse lugar ia ser uma grande casa de candomblé. Derisvaldo se recusou abrire o caboclo perguntou se Derisvaldo não acreditava nele. Derisvaldo disse que acreditava, mas como ele ia conseguir dormir com tudo aberto? Derisvaldo não fez, o caboclo pegou a picareta e ele mesmo fez. Não chegou o dinheiro para comprar a janela nem as portas, o lugar ficou coberto com panos e esteiras. No dia seguinte o caboclo veio de novo e mandou tirar os panos e esteiras pois que ele ia no mato caçar e que mais tarde voltava.
Nesse intervalo em que o caboclo foi embora, chegou uma cliente trazida por Doutor Pinto, acompanhada do sobrinho, e perguntou o porque que a casa estava sem porta, sem janela e sem piso. Respondi e ela perguntou se eu me incomodava dela pegar umas portas que eram usadas no ferro velho e me doar. Eu comecei achorar, e a moça chegou com cimento, as portas e as janelas.Seu Valmir que é o pedreiro colocou tudo no mesmo dia, mas a casa ainda não tinha reboco, piso e nem janela.
Pai Jorge teve que ir ao fórum a uma audiência com uma doutora chamada Nadila, esposa de Doutor Flávio, ainda era do processo de casamento. Pai Jorge estava muito preocupado por que a família da ex-mulher a perturbava demais no antigo terreiro no bairro das pedrinhas. Daí chega o caboclo da caçada, dizendo que Pai Jorge ia ter uma grande surpresa no processo, e perguntou como estavam as coisas por aqui? Já esta de porta na casa, janela nova, piso, e perguntou a Derisvaldo o que esta faltando? Derisvaldo respondeu:precisamos de um banheiro, de um fogão, pois não agüentamos mais carregar lenha na cabeça, nem comer carne de cabeça, abóbora murcha, arroz quebrado com unha de boi.O caboclo disse na volta da audiência vocês vão ter uma grande surpresa. Quando terminou a audiência Pai Jorge desceu do ônibus na urbis5 e veio a pé. Pai Jorge disse meu Deus que surpresa é essa será que eu vou ser preso ? Quando Pai Jorge avistou de longe estavam duas mulheres, as mesmas que tinha visto ele no fórum. Entraram, sentaram num sofá feito de cimento que tinha na sala, visitaram o barracão coberto de palha de pindoba e não observaram a humildade da casa. Jogaram búzios,e no meio da consulta o caboclo chegou. Contou tudo que se passava com a duas juizas e disse que o preço o filho dele acertava, mais que não era barato. Depois de tudo conversado e acertado o caboco foi embora.
As duas juizas deram um cheque tão grande do banco do BANEB, que ele foi com Doutor Pinto para sacar, comprou vaso sanitário, comprou tanque de água, uma geladeira cônsul, um fogão continental e fizeram a reforma toda.
“HISTÓRIA D’ LOGUN EDÉ” - “COISA QUE O CAÇADOR CUMPRIU”
Pai Jorge reclamava muito, como reclama até hoje de tudo. E os ibá (os assentamentos dos santos) estavam morando na residência dele. Estava chegando a data do bori dele, era uma época de chuva e LogunEdé ia comer. Pai Jorge reclamava muito que não tinha lugar para fazer as obrigações. Chegaram ogans, Marilene, mãe de Junior, Ismênia, Carlinhos e mãe Tonha. Começa o bori, Logun Edé falou que ia dar uma casa tão grande,que Pai Jorge ia se perder dentro dela, pois quanto mais ele tinha, mais ele reclamava. Mandou que pegasse a água no dia seguinte e jogasse na redondeza da rua onde ele queria ser dono. Pai Jorge, que não era besta, saiu com mãe Tonha atrás jogando água por cima da casa, jogando água onde é o axé hoje. Sobrou um pouco da água e ele perguntou a mãe Tonha onde ela queria construir sua casa. Tonha respondeu: “eu não tenho nem terreno, como eu vou construir uma casa”? Ismênia estava junto no momento, disse que ia comprar o terreno onde é a casa atual dela. Pai Jorge tomou a vasilha da mão de mãe Tonha e disse: “joga aí maluca, o santo não disse que a gente vai resolver nossa vida?”. Todos os clientes de pai Jorge se reuniram e fizeram a casa para mãe Tonha.
“HISTÓRIA QUE MÃE ALUBAJI (MÃE NENA) CONTA”
Um certo dia Alubaji chegou no terreiro, a Granitinha tava trabalhando. Alubaji veio trazer uns alimentos para pai Jorge. Mãe Alubaji foi uma pessoa que já contribuiu muito para essa casa, ela e o esposo (falecido) fizeram muito amigos. Chegam os dois, pai Jorge estava com a entidade e com um Senhor chamado Melquíades, que doutor Jose Pinto tinha trago de Itororó. Pai Jorge nem pensava em bater a laje, fazer o sobrado ea exu trabalhando… e ela disse para Alubaji e para o sr.Melquíades que aqui ainda ia ser uma casa muito bonita, com muitas árvores, marcou o lugar de uma garagem, marcou que ia cortar as paredes da casa e fazer um sobrado. O cliente foi embora, com doutor Pinto e a comitiva, foi arriado uma grande obrigação para ele e a entidade falou que se tudo desse certo, que o cliente voltasse em 60 dias. Com 45 dias o Doutor Pinto voltou, com uma boa quantia em dinheiro que foi usada para fazer a parte de cima, os quartos de santo.
Pai Jorge disse que o barracão estava pequeno, pois era no fundo da casa e não tinha mais espaço. Essa mesma entidade mandou que chamasse um pedreiro e marcasse o barracão, que desse comida a Xangô, pois iria aparecer um homem de xangô que seria muito bom. Um dia de quarta-feira, fizeram um amalá à luz de vela, chegou um revendedor bebidas “Primor”, se chamava Antonio Calisto de Paula, que é filho de Xangô Esse homem disse a Granitinha que iria trabalhar por comissão; que o que vendesse era dele e dela. Aí a exu disse que o barracão era feito com as medidas 12 por 9 - 12 Xangô e 9 era Oyá - e que era para cavar outro poço e que o poço que seria dedicado a IalodoIdé. Disse que era para fazer os quartos de santo e cuidar de Ogodô e era para dar um galo na pedreira para Ayrá às 4 horas da manhã para acordar Oxalá, mas antes de tudo ela queria uma cabra na rua, 23h45. Tudo foi feito, tudo foi organizado, barracão foi feito, os quartos de santo foram feitos, a fonte foi cavada, foi assentado o primeiro inçasse por nome Roco, foi a família de Paulo do Brongo, Ogan Pepeu e Silveria Oliveira da Cruz conhecida como mãe Sili. Foi plantado o Roco no dia 14 de setembro de 1990. A exu veio e disse que era para plantar um pé de eucalipto para ser o marco do terreiro para ser visto de longe por quem viesse.
E hoje, quem não sabe, quem não conhece,fica dizendo, corta esse pé de eucalipto, esse pé de eucalipto vai cair por cima do terreiro, mas tem gente que não estava aqui, não viu por onde começou, fica dando palpite e pai Jorge disse que o telhado é de Xangô, a casa é de Oyá e a terra é dos orixás, que ele não veio pra cá por ordem de Manuel, nem José e nem Maria e Oxossi é o dono de tudo.
Essa história é importante porque não sabemos se estaremos aqui amanhã para contar e se a gente não escrever, se esquece com o tempo, porque é passado de pai para filho e de filho para neto.
A mãe (Tonha de Oxossi) vinha ela, a irmã Ismênia e uma abian Dina, que carregava água da cisterna há uns duzentos metros do terreiro, pois como já foi dito, no bairro não tinha água encanada. Ela era lavadeira e o pouco que arrumava dividia com o pai de santo também, inclusive tripa de boi, iguaria muito apreciada pelo pai de santo. Nesses tempos, os pais dela ainda eram vivos e eles tinham uma boa amizade com Pai Jorge. Então, mandavam sempre as coisa da feira, que elas dividiam com Pai Jorge. De tudo vinha um pouco (arroz, feijão, açúcar, farinha e até o óleo da lamparina…) Buscava a roupa da casa dele para lavar e vinha carregar água para encher a caixa d’água para as necessidades normais do dia-a-dia. Aparecia Sula, que já é falecida, Helena de Ogum, Irani de Oxossi e todos carregavam água para o axé.
Chegaram um dia, chamaram, chamaram, quando rodearam a casa Pai Jorge estava ‘espritado’ - Vó Nanan. E Vó Nanan disse a essa filha de santo que este sofrimento de água vai se acabar: “um rapaz daqui do bairro vai adoecer e vai vim tratar aqui com problema de cabeça. E é esse homem que vai abrir o poço. Vou até marcar o lugar”. Quando pai Jorge acordou, ele disse: “deixa de ser besta menino, isso e só ilusão”. Trinta dias depois o vizinho de Pai Jorge endoidou e ele era um bom cisterneiro. Chegou amarrado, a polícia perguntou se queriam que deixasse para dar uma injeção e depois o trazia de volta. Vó Nanan desceu e disse: “pode ir embora e deixa o rapaz que eu trato dele, eu já estava esperando por ele há dias...” Entrou, desamarrou o rapaz e tratou dele. Com trinta dias, esse rapaz abriu o poço, que ainda é usado pelo axé quando falta água até hoje
“HISTÓRIAS DE VITÓRIAS DOS DIAS ATUAIS”
Sou um pai de santo que não tenho decepção pelo meu axé, nunca tive derrota porque minha derrota ficou para atrás. Raspei muitas cabeças boas, tenho bons amigos, boas amizades, consegui com minha dignidade própria, sem demagogia e falsidade e sempre fazendo tudo com muito amor e respeito. Também raspei muitas cabeças ruins, que diziam ser meus amigos, mas já foram, pois eram um ebó que tinha que passar pelo axé e sair, oloman xoxo. Pois um dia mandei perguntar meu santo porque as pessoas me perseguiam. Ele deixou um recado: que eu era um vaga-lume que todo mundo queria me perseguir e que quanto mais o um lugar está escuro, mas ele estava ao meu lado, porque ele ia ser sempre a luz do meu caminho e que deixasse o povo falar, porque eu estou vivo.
Vamos contar as alegrias. É com muita dignidade que faço um trabalho com os menores de rua, foi quando apareceu um amigo na minha casa apresentado pela professora do Carmo, doutor Gutenberg Macedo Junior, com uma amiga por nome Simone Garcia Guimarães, quem ajudou e tem ajudado a entidade a ser utilidade pública. Ajudou a ser reconhecida por lei estadual... Hoje tenho muitas amizade dentro da sociedade, fazemos um trabalho com as mães do bairro, temos um histórico de vida, de dignidade, de luta e de respeito e de moral e bons costumes. E hoje só contamos vitórias, graças a Deus e a Oxossi , que só temos hoje vitórias para contar, alegria para falar, só coisa boas. Hoje, apesar de todas as dificuldades que passei, de algumas decepções ao longo do meu caminho, posso dizer que sou um babalorixá realizado e sou muito feliz. Tudo tenho agradecer à minha religião, ao meu esforço em superar todos obstáculos e as dificuldades colocadas no meu caminho. E isso tudo vem a engrandecer a dedicação ao meu orixá.
Existem ainda os “pititi ala rumdé” que não sabem fazer e ainda chega para por defeito.
ÁGUAS DE OXALÁ - COMEÇO DAS ÁGUAS D’ OXALÁ
Eu tinha uma mãe e uma amiga por nome Silveira oliveira da cruz conhecida como untal ou Cili de ogum filha de santo de Siríaco da Bahia Irma se santo de Joana Volga. Que morava no alto da federação salvadora Bahia. Certo dia velho almoça no axé, e me disse-tudo bem Jorge? Eu respondi-tudo! Era a primeira exata feira do ano dia de oxalá e eu estava de roupa de cor por ser inexperientes, quando ela me disse – ave Maria menino você com essa roupa escura no dia de oxalá naquela conversa entram vai e vem almoçamos e tomamos algumas antárticas que ela adorava. Quando chegou uma senhora que morava na rua das pedrinhas que já foi para o Orun. para eu joga. Eu não quis joga, pois temos que respeita a hierarquia, pois ela era minha mais velha [ebome de ogun] quando começou uma discussão de quem ia joga ou não, ela possuía um gênio muito forte decidimos então jogamos nós dois. Quando o jogo foi aberto o primeiro orixá que respondeu foi oxalá acontecendo logo em seguida dona Jesuína bolou [ou seja, o santo a incorporou e caiu ao chão pedindo feitura, ou seja, ser iniciado naquela casa.] – e agora minha mãe como vou fazer, pois nunca a tinha feito um oxalá na vida ate então, ela me respondeu – sou sua mãe e sua mais velha, estou aqui para te ajudar vamos assenta oxalá da casa e o oxalá da Yao, pois oxalá e o único santo que não si pode dizer não, ele e o começo e o fim, logo em seguida iniciaremos a água de oxalá, na época a casa estava bastante rachada e as coisas viviam quebrando e nos não tínhamos sossego. Ela então preparou tudo, chamou Cajaluambo um filho de santo dela que fez o barue [lugar onde oxalá fica do lado de fora da casa,] carregou a água de quinta pra sexta, exatamente meia noite fez o oró me lembro bem como se fosse hoje tinha uma pessoa sabida [que disse: minha mãe os bichos são escuros, como iremos fazer o oró se os bichos são todos de cores escuras, então minha mãe respondeu: menino quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha, eu sou unta La feita do ogun, no meu tempo yaó não se metia em conversas dos mais velhos eu como tina medo nem minha boca abri. Ela cobriu os bichos com murim branco e O Oró foi feito e a pessoa ficou sem graça, então foi feito o resguardo de 16 dias, foi rezando o ebó e o Alá eu fiquei muito emocionado, pois, em frente a minha casa tinha uma sisterna próximo à lagoa, foi um cortejo muito lindo, assim se iniciou as águas d’ Oxalá no meu axé. Eu disse a minha mãe que gostaria de por o pilão de Oxaguiã e ela me respondeu: Jorge não se começa do final para o começo, pois, só se coloca o pilão após de 10 anos de água, vamos fazer a procição de olufã e encerramos com o ebó e o Alá, eu não entendi nada, mas quem era eu para falar alguma coisa sendo ela a minha mais velha, hoje eu sei que esta certo, pois, faço parte de um grande axé que é a casa de Oxumaré. Ela me disse que depois do resguardo de 16 dias tinha que dar comida a ogum, porque uma casa sem ogum é uma casa sem caminho e ogum é seu tio, ogum é da família dos Odé, ogum sem Odé não funciona e Odé sem ogum não funciona, porque são irmãos e ogum é tio de Logumedé, e eu dissemos: axé vai assentar. Como fazia eu não conhecia ninguém em Vitória da Conquista para fazer as ferramentas e ela só me dizia as coisas pela metade. Ela me disse que tinha um amigo chamado Raimundo da conceição que conhecia um ferreiro que morava na rua a antiga rua do gancho, filho de Maria do ouro, uma das saudosas Yalorixá que já foi para o orum, o rapaz me atendeu muito bem quando contei o caso ele me disse Entre aqui no fundo que eu fiz umas ferramentas para um homem e ele não veio buscar e isso já tem 10 anos, elas ainda são do tempo de mamãe, quando ele abriu o saco as ferramentas eram exatamente aquelas que eu estava precisando, mãe Celi encheu os olhos de lagrimas e disse: ogum hem! É exatamente o que você precisa meu filho. Ela tinha cliente que se chamava Raimundo que trabalhava na união diesel que hoje mora em coronel Fabriciano – minas gerais, na época ele possuía um caminhão guincho e nos levava para todo o canto, levava ebó, tirava as folhas, buscava os bichos, a trazia para brigar comigo, levava ela para brigar com os clientes por ter um gênio muito forte, brigava muito com o rapaz que era de xangô, o pobre rapaz não tinha sossego nem para trabalhar, para tudo ele o chamava. Fomos dar comida a ogum, faltou o pombo ela mandou chamar Raimundo, que já chegou trazendo os pombos sem ela nem dizer, ela disse então para ele, ogum veio com você, não é atoá que sua mãe é de ogum, pois, este ogum que eu estou assentando chamasse Alaíde que é esposo de Yansã e Yansã é esposa de xangô e eu não vou assentar ogum sem dar comida a Yansã, pois Jorge futucar muito Salvador e vai a casa deste povo grande e vão disser que este errado, mas eu aprendi assim. Naquela conversa vai e vem, chegou um amigo de Raimundo com duas caixas de cerveja e 4 quilos de carne para assar e eu perguntei a minha mãe, a senhora já assentou oxalá, iniciou as águas, assentou ogum como posso lhe pagar? e ela respondeu já esta pago, eu estou vindo de mudança para a sua casa eu e todos os meus santos, Raimundo veio trazer a mudança toda, ogum trouxe a carne e a cerveja e eu sou uma mulher de ogum, agora vamos beber, neste tempo não existia ogan era nós mesmos, mãe Tonha, mãe Olubaji, Carmosa de nanã, Maria de Ogum, Sula de ogum, Helena de Ogunjá, Seu Zequinha e todos e este mesmo ogum que foi assentado continua aqui desde de 1989. Ela permaneceu no axé por muito tempo ate a sua ida para orum, ficando aqui no axé os seus santos.
Vale a pena lembrar que antigamente tudo era mais dificil, porque os mais velhos não falava, e nem conversava na frente dos mais novos, nem existia a internet.
Lembrando também que mãe Cili foi uma pessoa muito conhecida em Vitória da Conquista, foi à primeira baiana de acarajé, a primeira casa de nação Angolão paquetão do saudoso José da Pinta ou Zé do lero como era chamada amiga de Edite de Yemanjá que morava próximo ao campo da Ester, e a saudosa Emerendina de ogum porque todos estes já se foram e eram todos amigos uns dos outros, não tinha estas desavenças que tem hoje no axé, todo mundo respeitava todo mundo, qualquer força e nação, fazia os meus yaó ou vise e versa, o yaó eram levados nas casas destes babalorixas e yalorixas, levados os yaós para tomar a bença e lá passavam o dia ou dias, era pago a bença quem levava o yaó era recebido com um banquete e tudo era festa, ave Maria se hoje isso acontecer, os babás não sabem nem o que se diz quando o yaó chega à porta, é criticado e não sabe nem o que disser, por isso que a hierarquia esta se acabando e dizem que é evolução, para mim não é evolução, mas sim esta se acabando com a essência do axé… ago a todos os babás e Yas mas precisamos nos reunir e se atualizar, porque estamos ficando pra trás, me desculpe se eu estou errado mas eu fui iniciado assim !
OXUM - UMA LIÇÃO DE VIDA..!” - “DE UMA OXUM CHAMADA YALODOIDÉ”
Eu, Mariana D’ Yemanjá, estava na casa de candomblé, era uma quarta-feira, em uma conversainformal com o babalorixá Pai Jorge de LogunEdé, quando com minha curiosidade o perguntei: Pai Jorge e Oxum como veio aqui para o axé? E ele me respondeu: é uma historia que eu não gosto nem de falar, porque as Yas e os Babás só davam as coisas aos filhos pela metade (como eu já disse na biografia) eu fiz santo no angola, e foi aonde tudo começou as alegrias e as tristezas… Era muita escravidão pisavam e humilhavam os filhos de santo e não passavam aquilo que era necessário e sempre nos diziam que não era hora, que a sua vez ainda vai chegar. Trabalhei 09 anos com o acarajé para pagar a obrigação, pois, não tinha dinheiro, lavava o feijão, preparava a vendagem, fazendo chuva ou sol tinha que ir, não tirava nem um centavo para mim, era só para a mãe de santo, acordava as 05h00min da manhã e ia dormir as 01h00min, na parte da manhã ainda tinha que limpar a casa preparar ebó, “dar santo se necessário” e ainda à cara tinha que estar sempre bonita, pois, os clientes não precisavam saber dos nossos problemas. O finado Locicar dizia sempre para minha mãe: comadre esse menino tem que assentar “yaya”, eu nem sabia o que era, e ela sempre dizia para ele deixar isso pra lá, que ainda não era a hora, porque esse menino já era muito danado ser der corda ele voa. Certo dia apareceu uma moça que se chamava Dona Dete e o marido por nome Seu Levi que Deus o tenha eles eram filhos de Santo do terreiro, eles foram um pai, um amigo e um irmão que eu não tive, eles me compraram da mãe de santo do cativeiro, ela disse que eu era muito caro, que ela não me vendia não me liberava, pois, eu devia as obrigações de 03 e 07 anos que ela tinha posto e eu não tinha como acertar, que eu tinha que pagar com o dinheiro do tabuleiro, o seu Leci, disse que pagava mais ia me levar para eu tomar conta da filha dele, depois de tudo acertado com a mãe de santo eu vim com ele para um lugar chamado entroncamento de jaguaguara que eu conheci um Pai de Santo por nome seu Bento, que foi muito meu amigo no inicio, depois se afastou porque ele não conhecia de axé, eu era um Babá que não conhecia muita coisa, pois o tempo que passei na casa da mãe de santo foi trabalhando no tabuleiro de acarajé. Cuidei da filha de seu Leci, fiz obrigação dela, trabalhei me mudei para jaguaguara, certo dia fui jogar com um pai de santo chamado sabukenã que ele jogou e falou que precisava assenta yeyeoké, e assentar jagun lulu mais eu não aceitava por que para mim minha mãe de santo era sempre a certa e correta, por esta duvida eu passei por muitos problemas muitas dificuldades e deixei de conseguir muita coisa boa.
Pois eu era kossi na Amã (burro de pai e mãe), nesse tempo eu ganhava dez e perdia vinte, e quando eu ia jogar com minha mãe de santo, ela dizia que estava tudo bem e só precisava dar comida ao meu santo fazíamos tudo e tudo continuava na mesma forma, com isso eu não entendia por que a coisa não andava. Então fui à procura do meu amigo sabukenã (mesmo achando que ela estava certa, mas precisava que minha vida andava) foi quando ele e me passou um ebó e me disse: meu irmão eu vejo aqui no jogo que você vai ter uma casa de candomblé, mas novamente ele me disse: tem que assentar oxum meu irmão, e vai aparecer uma mulher que vai te levar para outra cidade, e você só vai voltar aqui em jaguaguara para buscar sua coisa e olhe lá, e tudo aconteceu como meu amigo sabukenã falou. Vim para Vitoria da Conquista – BA e voltei a jaguaguara depois de dois anos para buscar meus pertences pessoais e vender meu imóvel, passei então alguns dias em jaguaguara resolvendo tudo e vim de vez para Vitoria da Conquista – BA, quando cheguei a Vitória Conquista algumas coisas davam certo e outras não, o tempo passou o meu amigo sabukenã faleceu e minha yalorixa também faleceu. Fui consultar um pai de santo em Itapetinga por nome Nérisvaldo de Omolu (ou caturazanbi), para tirar a mão de vambi, com isso ele jogou, preparou tudo, meu santo não aceitou, voltei para casa, procurei outro terreiro do finado Zelito preto mais também não deu certo cheguei a me recolher Zelito iria montar oxum ,mas novamente o meu santo não aceitou , fui então ao terreiro do jeije da Romé, no bairro valeria em salvador, fui muito bem tratado, tenho amizade ate hoje, o meu santo novamente não aceitou. Procurei um pai de santo em são Paulo que chegou vim em conquista fes tudo só que se esqueceu de assentar oxum, ai o bicho pegou entrou um ajé ruim o que tava pronta de se estruido e o que tava sendo construído se acabou. Quando o pai de santo veio trouxe um rapaz com ele chamado Alexandre de obaluae e eu perguntei: que santo você e meu filho, ele respondeu: sou de obaluae e filho de santo de pai Zé Carlos de Oxossi, espero que você um dia conheça meu pai, as coisas continuaram ruim ai eu fui a são Paulo a trabalho (como já foi contado na minha biografia) e conheci pai Zé Carlos
E nisso fiz minhas obrigações de quatorze e vinte e um, depois de três anos pai Zé Carlos foi embora, e as coisas pioraram tanto financeiramente e fisicamente, estava muito doente ai o barraco desabou, pois nada dava certo, fui jogar com mãe cacho de Omolu, quando cheguei lá ela não estava, voltei depois de quinze dias, ela estava no bairro plataforma em salvador, jogo e disse tem que assenta oxum, pois oxum esta acabando com sua vida, o seu problema e Oxum, ai meu pai disse: que oxum doente e esta minha mãe, minha mãe riu da minha pergunta, ele disse: você tem que assentar a oxum yeyeoké essa Oxum foi da sua mãe sanguínea, eu falei “discomjuro” minha mãe me abandonou desde pequeno, então ela me disse: sua mãe lhe abandonou mais essa oxum lhe cria ate hoje e estar querendo morar contigo, ela me fes um ebó e mandou toma um banho de maré cinco horas da manha melhorei, fiquei bem de saúde, mas esqueci de assenta oxum, o tempo passou e viajei para são Paulo como todo anão eu faço recebi um convite para ir a um candomblé de uma senhora que se chama Ana de ogun, como eu não conhecia ninguém fiquei em um canto sentado era festa de Oxossi e tenha obrigações de 07 e 14 LogunEdé, Oxum e Oxossi os santos tomaram rum, salvei todos, eu me levantei para ir embora quando vou saindo uma senhora me disse moço a Oxum esta te chamando, eu disse eu já falei com ela, o que ela quer comigo, eu não vou lá não, e a minha amiga me falou você de LogunEdé vai negar Oxum? Então fui lá ver o que oxum queria, bati a cabeça para ela novamente e ele me abraçou e me mandou arranja um cantinho para ela na minha casa, eu comecei a chorar, resolvi o que tinha em são Paulo e vim embora para casa, voltei a adoecer comecei com insônias e a coisa não andava eu,não tinha um yaô de Oxum para contar a historia. Um ano depois eu tinha que ir ao axexé de ano do meu Pai Zé Carlos que seu Valdomiro Baiano estava colocando, e sabe quem estava lá? Minha mãe Ana de ogun que hoje e minha tia com muito orgulho, no meio da conversa nos todos entramos para pedir a bença para os mais velhos, chegando lá na sala onde eles estavam sentados, quando chegou a minha vez de dar a bença a ela, ela me disse: se você não cuidar de assentar oxum você vai morre, você estar regredindo oxum vai lhe matar menino, eu não quero ser tua mãe de santo não, Seu Baiano e seu Pai Pérsio, olharam assustados, mais não falaram nada ela em hipótese alguma me convidou para se cuidar com elame perguntou você mora onde meu filho? Eu moro em vitoria da conquista, você sabe onde e a casa de oxumarê? Por que você esta no meio da estrada de conquistas para salvador e um pulo, diga a PC que foi eu Ana de ogun que mandei, eu não vi à hora de tudo acabar e voltar para conquista, e conhecer a casa do Oxumarê. Vim em borá para minha casa e fui para o terreiro de aboula fazer um osé, o ala pede me tratou muito bem, e disse que eu realmente precisava tirar a mão de morto mais também assenta oxum, voltei para casa sem querer assentar, encontrei uma filha de santo da saudosa jagun Bossi, que estava me aguardando há oito dias, essa moça não era feita só tinha bori, mas o bori de antigamente ia de tudo igual uma feitura de algumas casas de hoje em dia, elas estavam sentadas na sala eu não aconheci por que ela estava muito inchada e doente, dei boa noite e entrei, minha filha de Santo Maria Elena de Jesus ou Elena de ogun estavam sentada na sala conversando com ela, entrei para o banheiro quando voltei Maria de Elena estava com ogun e a moça estava em transe, Oxossi me pegou e disse que era hora de assentar oxum e fazer o santo da moça, acordei não tinha um tustão a não ser 30 cruzeiros que era para trocar o telhado do barracão que estava caindo, mas Oxossi tinha deixado outro recado gastasse o dinheiro recolhesse a moça e assentasse oxum, fiquei com medo, pois, a moça estava muito doente fiz tudo, no décimo primeiro dia a mulher estava desinchada levei nas águas e tudo feito ate o oró, assim foi pedido por Oxossi e assim foi feito, mas mesmo assim esqueci-me de assentar a oxum da casa, Oxossi veio e disse que o recado foi feito pela metade, minha filha de santo Helena pediu para o marido por nome Joaquin que trouxesse olhos d’águas um ota (pedra), o rapaz saiu daqui de bicicleta uma distancia de 4 horas para ir e quatro para voltar e o meu santo permaneceu aguardando a volta do de Joaquim que tinha ido buscar os objetos sagrados, Joaquin chegou com tudo e LogunEdé arrumou oxum e disse: o senhor não trouxe um pouco da água da nascente du pai e Joaquin respondeu: trouxe 5 litros que era para Ele na beber era preciso no assentamento? eOxossi disse que ainda estava incompleta tem que assentar e ibô .
Ibô foi assentado e mandou que fizesse um presente a araô, ai eu procurei a finada Leci e me disse como arrumar o presente, que araô era a mãe de oxum, eu comecei a ter paz, tudo começou a fluir melhor, eu em 1999 eu fui para a casa de oxumarê, onde estou ate hoje, fiz muitos de santo, e muitos saíram e muitos ficaram e novos se iniciam, muitos que saíram e porque eram yaô pais de santo aprendiam o axé na rua e queriam trazer o axé de rua para dentro de casa não aceitava como não aceito, pois a casa só tem uma cadeira.
Por acreditar em tudo que digo e que hoje o meu axé e diferente de quando comecei, pois quando comecei não tinha nem energia e nem dinheiro para comprar comida, muito menos óleo diesel ou querosene para colocar no fifó (lamparina) fazíamos assim: catávamos o caroço da mamona debulhávamos e enfiávamos na tala de côco de licurí e colocava no buraco das paredes para clarear todo o terreiro e nisso fazíamos os rituais sagrados do terreiro, fomos crescendo chegou a água chegou energia, chegou o ônibus coletivo, fomos aprendendo, só tenho agradecer Oxossi a LogunEdé a oxum e ao orixá Onilé, pois isso e uma lição de vida.
“Não existe quem conhece mais… Pois o candomblé é um aprendizado constante, que se aprende no dia a dia”
Axé não e beleza, axé e luta e trabalho tem que ter o contato com as folhas, com a terra, com a água e com o ar e ter muita fé, pra mim axé e isso. O povo diz que faz mal comer cabeça de bicho, abobora arroz de terceira e vicera de boi e eu estou aqui para contar a historia, nos de candomblé dançamos conforme a musica hoje tudo faz mal não pode comer isso não pode comer aquilo antigamente tudo se comia pela inocência e nada acontecia pois a gente era muito leiga, diz que mulher de ogun não pode virar buchada, na minha feitura em 1974 quem bateu o ele foi uma mulher de nanã e quem virou a buchada foi a mulher de ogun se fosse hoje tava errado e falasse para um Yaô que o Yaô ia morre, o Yao hoje quando vai fazer santo já vem sarrabuiado ate qual e seu santo e depois que faz ainda vai para as babas pedir explicações aqueles baba ou yá para queimar o pai de santo do Yao ou mãe de santo diz: para confundir o Yao seu santo faltou aquela cantiga, você não vira porque não te levou nas águas, seus santos não teve bichos completos você não ficou 21 dias eu fiquei, de 07 dias será? Tu e desse santo mesmo menino e muito mais coisas que não vamos citar, sem saber os baba que é água, obi, orobô, folha, ataré, sabão da costa, wage, ossum, efum, pombo, galinha da angola e pato que se faz orixá a grande mãe de santo do mundo se chama oxum essa se chama mãe das mães.Voltando o assunto,esses tais pais e essas tais mães leva o mesmo Yao com a cabeça confusa faz tudo do mesmo jeito ate pior,raspa de novo da um bodinho e um patinho seco nem folha na esteira põe por que não conhece, faz as mesmas coisinhas básicas de noite bota um pano bonito de brilho e ilude o Yao dizendo que agora ele esta feito.eu só tenho um pai que se chama oxumarê EUA biomâ nessa casa ficarei ate o final dos meus dias.
O nosso crescimento chegou hoje a ser uma instituição sem fins lucrativos, cuidamos dos menores em condição de risco fazemos parceria com a rede de atenção, com o condiga e a casa da cidadania, pra quem veio do zero, já conquistamos muito.
XANGÔ - HISTÓRIA DE UM GRANDE REI CHAMADO OGODÓ SALUBA
“XANGÔ O REI DE OYO”
Em um certo dia eu entrevistei pai Jorge e perguntei: como xangô tem participação no axé de sua casa ? A resposta dele foi: xangô aqui é tudo, realmente eu sei que meu ojuori é ode, mas xangô é o dono da cumieira do meu axé, Oxossi é o dono da casa e xangô é o responsável por tudo aqui dentro,
Agradeço desde já a todos que leram a história real do nosso terreiro. Todos os fatos relatos aqui são verídicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário