sábado, 16 de setembro de 2017

HISTÓRIA DOS ORIXÁS - "YEMANJÁ"


YEMANJÁ

"Deusa das Águas salgadas e mãe de todos os Orixás"
Sincretismo: Nossa Senhora dos Navegantes
Comida: Peixe, canjica branca cozida feita no dendê, camarão e cebola.
Qualidades: Ogunté, Iassessú, Sabá e outras.
Saudação: Eruia! Odoiá!






Odoiá minha mãe!

Iemanjá, cujo nome deriva de Yèyé m já (“Mãe cujos filhos são peixe” ), é o orixá dos     gbá, uma
nação Iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yem já. As
guerras entre nações Iorubás levaram os  Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokutá, no início do século XIX. Evidentemente, não lhes foi possível levar o rio, mas, em contrapartida, transportaram
consigo os objetos sagrados, suportes do à da divindade, e o rio Ògùn, que atravessa a região,
tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemanjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser
confundido com Ògún, o deus do ferro e dos ferreiros,

O principal templo de Iemanjá está localizado em Ibará, um bairro de Abeokutá. Os fiéis desta
divindade vão todos os anos buscar a água sagrada para lavar os axés, não no rio Ògùn, mas numa
fonte de um dos seus afluentes, o rio Lakaxa. Esta água é recolhida em jarras, transportada numa
procissão seguida por pessoas que carregam esculturas de madeira (ère) e um conjunto de tambores.
O cortejo na volta vai saudar as pessoas importantes do bairro, começando por Olúbàrà, o rei de Ibará.
Iemanjá seria a filha de Olóòkun, deus (em Benim) ou deusa (em Ifé) do mar. Numa história de Ifá,
ela aparece “ casada pela primeira vez com Orunmilá, senhor das adivinhações, depois com Olo fin,
rei, com o qual teve dez filhos, cujos nomes enigmáticos parecem corresponder a outros orixás. Dois
deles são facilmente identificados: Ò ùmàrè-ègò-béjirìn-f nná-diwó (“O arco-íris-que-se-deslocacom-a-chuva-e-guarda-o-fogo-nos-seus-punhos” ) e Arìrà-gàgàgà-tí-í-béjirìn-túmò-eji (“O trovão-quese-desloca-com-a-chuva-e-revela-seus-segredos” ). Essas denominações representam,
respectivamente, Oxumaré e Xangô.
Iemanjá, cansada de sua permanência em Ifé, foge mais tarde em direção ao Oeste. Outrora, Olóòkun
lhe havia dado, por medida de precaução, uma garrafa contendo um preparado, pois “ não se sabe
jamais o que pode acontecer amanhã, com a recomendação, pois” não se sabe jamais o que pode
acontecer amanhã “ , com a recomendação de quebrá-la no chão em caso de extremo. E assim,
Iemanjá foi instalar-se no”Entardecer-da-Terra”, o Oeste. Olofin-Odùduà, rei de Ifé, lançou seu
exército à procura da sua mulher. Cercada, Iemanjá, em vez de se deixar prender e ser conduzida de
volta a Ifé, quebrou a garrafa, segundo as instruções recebidas. Um rio criou-se na mesma hora,
levando-a para Òkun, o oceano, lugar de residência de Olóòkun (Olokum).

Iemanjá tem diversos nomes, relativos, como no caso de Oxum, aos diferentes lugares profundos (ibù) do rio. Ela é representada nas imagens com o aspecto de uma matrona, de seios volumosos, símbolo de maternidade fecunda e nutritiva. Esta particularidade de possuir seios mais majestosos – ou somente um deles, segundo outra lenda – foi origem de desentendimentos com seu marido, embora ela já o houvesse honestamente prevenido antes do casamento que não toleraria a mínima alusão desagradável ou irônica a esse respeito. Tudo ia muito bem e o casal feliz. Uma noite, porém, o marido havia se embriagado com vinho de palma e, não mais podendo controlar as suas palavras, fez comentários sobre seu seio volumosos. Tomada de cólera, Iemanjá bateu com o pé no chão e
transformou-se num rio a fim de voltar para Olóòkun, como na lenda precedente.

Iemanjá recebe sacrifícios de carneiros e oferendas de pratos preparados à base de milho.

“Rainha das águas que vem da casa de Olokum” .
Ela usa, no mercado, um vestido de contas.
Ela espera orgulhosamente sentada, diante do rei.
Rainha que vive nas profundezas das águas.
Ela anda a volta da cidade.
Insatisfeita, derruba as pontes.
Ela é proprietária de um fuzil de cobre.
Nossa mãe de seios chorosos “ .




Fonte: Os  Orixás e Agô Orixá. 


terça-feira, 12 de setembro de 2017

HISTÓRIA DOS ORIXÁS - "OBÁ"


OBÁ

Orixá que cortou sua própria orelha para encantar Xangô.
Sincretismo: Nossa Senhora das Candeias ou Santa Catarina.
Comida:  Acarajé.
Saudação:





Obá, Xí!
OBÁ, divindade do rio de mesmo nome, foi a terceira mulher de Xangô. Como as duas primeiras, Oiá e Oxum, ela foi também mulher de Ogum segundo uma lenda de Ifá:
“Obá era um orixá feminino muito enérgico e fisicamente mais forte que muitos orixás masculinos.
Ela desafiara e vencera na luta, sucessivamente, Oxalá, Xangô e Orunmilá. Chegada à vez de Ogum, aconselhado por um babalaô, ele preparou uma oferenda de espigas de milho e quiabo. Amassado tudo num pilão, obtendo uma pasta escorregadia, que espalhou pelo chão, no lugar onde aconteceria a
luta. Chegado o momento, Obá, que fora atraída até o lugar previsto, escorregou sobre a mistura, aproveitando-se Ogum para derrubá-la e possuí-la no ato” .

Mais tarde, quando Obá se tornou a terceira mulher de Xangô, uma grande rivalidade não demorou a
surgir entre ela e Oxum. Esta era jovem e elegante; Obá era mais velha e usava roupas fora de moda,
fato que nem chegava a se dar conta, pois pretendia monopolizar o amor de Xangô. Com este
objetivo, sabendo o quanto Xangô era guloso, procurava sempre surpreender os segredos das receitas
de cozinha utilizadas por Oxum, a fim de preparar as comidas de Xangô. Oxum, irritada, decidiu
pregar-lhe uma peça e, um belo dia, pediu-lhe que viesse assistir, um pouco mais tarde, à preparação
de terminado prato que, segundo lhe disse Oxum maliciosamente, realizava maravilhas junto a
Xangô, o esposo comum. Obá apareceu na hora indicada. Oxum, tendo a cabeça atada por um pano
que lhe escondia as orelhas, cozinhava uma sopa na qual boiavam dois cogumelos. Oxum mostrou-os
à sua rival, dizendo-lhe que havia cortado as próprias orelhas, colocando-as para ferver na panela, a
fim de preparar o prato predileto de Xangô. Este, chegando logo, tomou a sopa com apetite e deleite e
retirou-se, gentil e apressando, em companhia de Oxum, Na semana seguinte, era a vez de Obá cuidar
de Xangô. Ela decidiu pôr em pratica a receita maravilhosa: cortou uma de suas orelhas e cozinhou-a
numa sopa destinada a seu marido. Este não demonstrou nenhum prazer em vê-la com a orelha
decepada e achou repugnante o prato que ela lhe serviu. Oxum apareceu, neste momento, retirou seu
lenço e mostrou que suas que suas orelhas jamais haviam sido cortadas nem devoradas por Xangô.
Começou, então, a caçoar da pobre Obá, que furiosa, precipitou-se sobre sua rival. Segui-se uma luta
corporal entre elas. Xangô, irritado, fez explodir o seu furor. Oxum e Obá, apavoradas, fugiram e se
transformaram nos rios que levam seus nomes. No local de confluência dos dois cursos de água, as
ondas tornam-se muito agitado em consequência da disputa entre as duas divindades.

Conta-se ainda, sobre Obá, uma lenda por vezes atribuída a Oxum, baseada num jogo de palavras: “O
rei de Owu, partindo em expedição guerreira, teve de atravessar o rio Obá com seu exército. O rio
estava em período de enchente e as águas tão tumultuadas que não podiam ser atravessadas. O rei fez,
então uma promessa solene, embora mal formulada. Ele declarou: “Obá, deixe passar meu exército,
eu lhe imploro; faça baixar o nível das suas águas e, se sair vitorioso da guerra, eu lhe oferecerei uma
nkam rere (oba coisa)” . Ora, ele tinha por mulher uma filha do rei de Ibadan que levava o nome de
Nkam. As águas baixaram, o rei atravessou o rio e venceu a guerra. Regressou com um saque
considerável. Chegando próximo ao rio bà, ele o encontrou novamente em período e cheia. O rei
ofereceu-lhe todas as nkam rere: tecidos, búzios, bois e comidas, mas o rio rejeitou todos estes dons.
Era Nkam, a mulher do rei, que ele exigia. Como o rei de Owu era obrigado a passar, teve que lançar
Nkam às águas. Mas ela estava grávida e pariu no fundo do rio. Este rejeitou o recém-nascido,
declarando que somente Nkam lhe tinha sido prometida. As águas baixaram e o rei voltou triste aos
seus domínios, seguido pelo seu exército. O rei de Ibadan tomou conhecimento do ocorrido,
Indignado, declarou não haver dado sua filha em casamento para que ela servisse de oferenda a um
rio. Fez a guerra a seu genro, venceu-o e o expulsou de seu país “ “ .


"O arquétipo de Obá é o das mulheres valorosas e incompreendidas. Suas tendências um pouco viris fazem-nas frequentemente voltar-se para o feminismo ativo. As suas atitudes militantes e agressivas são consequências de experiências infelizes ou amargas por elas vividas. Os seus insucessos devem-se, frequentemente, a um ciúme um tanto mórbido. Entretanto, encontram geralmente compensação para as frustrações sofridas em sucessos matérias, onde a sua avidez de ganho e o cuidado de nada perder dos seus bens tornam-se garantias de sucesso."



Fonte: Os  Orixás, Agô Orixá e A Cultura Religiosa dos Iorubás. 

domingo, 25 de junho de 2017

HISTÓRIA DOS ORIXÁS - "EWÁ"


EWÁ
Cobra-fêmea, representa os olhos.
Sincretismo: Santa Luzia.
Comida: Banana frita, feijão fradinho torrado.
Saudação: Irró!



EWÁ
Orixá dos astros, guerreira valente e caçadora das úmidas florestas. Ela é simbolizada pelos raios brancos do sol, pela neve, pelo sumo branco das folhas e a faixa branca do arco-íris. Diz-se que Ewá seria a irmã mais nova de Oxum e esposa do Rei Obaluaê.

A exemplo de Oxumaré, Iroko e Omolu, é a deusa dos mistérios e das magias, pois mantém em torno de si uma aura que ninguém é capaz de definir com exatidão. A única definição possível é que ela é o mistério. A encantadora Ewá é dona de uma beleza exótica e sensual. As virgens tem sua proteção, ou seja, tudo que é inexplorado: A mata virgem, rios e lagos,pois, ela é tida como "A vigem da mata, virgem dos lábios de mel". Ao entregar seu corpo a Xangô, provocou a ira de Iansã e refugiou-se nas profundezas das matas. Ali aprendeu com Oxossi a arte da caça.  

Ewá é também a Deusa dos céu estrelado e dos mistérios da noite. Ela nos visita através do brilho das constelações, nos proporciona bons sonhos e nos ajuda a alcançar nossos objetivo. Manifesta-se no céu rosado do fim de tarde e nesse momento pedimos sua proteção e dádivas. Devemos saudá-la para que nos mantenha protegidos. Mora na terra do perigo, que aprendeu a dominar com o rei Katu. Seu brilho é intenso, o céu reflete a cor rosa maravilhosa de sua aura. 

Ewá também é uma divindade feminina das águas e, às vezes, associada à fecundidade. É reverenciada como a dona do mundo e dona dos horizontes. Também é deusa do rio, porém, sua ligação com os rios é secundária e quase despercebida. Pertence a ela a faixa branca do arco-íris. Eborá* que protege as virgens e tudo o que é inexplorável, Ewá tem o poder da vidência. Senhora do céu estrelado rainha do cosmos, ela está no lugar onde o homem não alcança. É representada pelo raio do sol, pela neve, pela saliva.
Seu símbolo é o arco e flecha dourado, assim como o arpão, uma espingarda ou uma
serpente de metal. Uma deusa de muitos mistérios, pouco se sabe a seu resp
eito.



Eborás* são divindades menores, intermediárias entre Olorum e os seres humanos.



Fonte: Os  Orixás, Agô Orixá e A Cultura Religiosa dos Iorubás. 

quinta-feira, 15 de junho de 2017

HISTÓRIA DOS ORIXÁS - "XANGÔ"



XANGÔ
Deus da justiça e do fogo.
Sincretismo: São João Batista.
Comida: Amalá (Quiabo, dendê e cebola).
Qualidades: Baru, Airá, Agodô, Badé.
Saudação: Kauô! Cabiecinlé!

 
XANGÔ 
Kawo Kabiyesi le!
Xangô era filho de Oranian, valoroso guerreiro, cujo corpo era preto à direita e branco à
esquerda.
Homem valente à direita, homem valente à esquerda.
Homem valente em casa, homem valente na guerra.
Oranian foi o fundador do Reino de Oyó, na terra dos Iorubás. Durante suas guerras, ele passava sempre por Empé, em território Tapá, também chamado Nupê. Elempê, o rei do lugar, fez uma aliança com Oranian e deu-lhe, também, sua filha em casamento.
Desta união nasceu este filho vigoroso e forte, chamado Xangô. Durante sua infância em Tapá, Xangô só pensava em encrenca. Encolerizava-se facilmente,era impaciente, adorava dar ordens e não tolerava reclamação. Xangô só gostava de brincadeira de guerra e de briga. Comandando as crianças da cidade, ele ia roubar os frutos das árvores. Crescido, seu caráter valente o levou a partir em busca de aventuras gloriosas. Xangô tinha um oxé - machado de duas lâminas; tinha, também, um saco de couro, pendurado no seu ombro esquerdo.
Nele encontravam-se os elementos do seu poder ou axé:
aquilo que ele engolia para cuspir fogo e amedrontar, assim, seus adversários,
e a pedra de raio com as quais ele destruía as casas de seus inimigos. O primeiro lugar que Xangô visitou chamava-se Kossô. Aí chegando, a pessoas assustadas disseram:
"Quem é este perigoso personagem?"
"Ele é brutal e petulante demais!"
"Não o queremos entre nós!"
"Ele vai atormentar-nos!"
"Ele vai maltratar-nos!"
"Ele vai espalhar a desordem na cidade!"
"Não o queremos entre nós!"
Mas Xangô os ameaçou com seu oxé, sua respiração virou fogo e ele destruiu algumas casas com suas pedras de raio. Todo mundo de Kossô veio pedir-lhe clemência, gritando:
Kabiyei Sango, Kawo Kabiyei Sango Obá Kossôf
"Vamos todos ver e saudar Xangô, Rei de Kossô!"

Quando Xangô tomou-se rei de Kossô, ele pôs-se à obra. Contrariamente ao que as pessoas desconfiavam e temiam, Xangô fazia as coisas com alma e dignidade, realizava trabalhos úteis à comunidade, mas, esta vida calma não convinha a Xangô. Ele adorava as viagens e as aventuras, assim, partiu novamente e chegou à cidade de Irê, onde morava Ogum.
Ogum o terrível guerreiro,
Ogum o poderoso ferreiro.
Ogum estava casado com Iansã, senhora dos ventos e das tempestades. Ela ajudava Ogum em suas atividades, toda manhã, Iansã o acompanhava à forja e o ajudava, carregando suas ferramentas. Era ela, ainda, que acionava os sopradores para atiçar o fogo, o vento soprava e fazia: fuku, fuku, fuku. E Ogum batia sobre a bigorna: beng, beng, beng ...
Xangô gostava de sentar-se ao lado da forja para ver Ogum trabalhar, vez por outra, ele olhava para Iansã. Iansã, também, espiava furtivamente Xangô. Xangô era vaidoso e cuidava muito da sua aparência, a ponto de trançar seus cabelos como os de uma mulher. Ele fizera furos nos lobos de suas orelhas, onde pendurava argolas.Usava braceletes e colares de contas vermelhas e brancas. Que elegância!
Muito impressionada pela distinção e pelo brilho de Xangô, Iansã fugiu com ele e tomou-se sua primeira mulher. Xangô voltou por pouco tempo a Kossô, seguindo depois, com seus súditos, para o reino de Oyó, o reino fundado, antigamente, por seu pai Oranian. O trono estava ocupado por um meio-irmão de Xangô, mais velho que ele, chamado Dadá-Ajaká  um rei pacífico, que amava a beleza e a arte.
Xangô instalou-se em Oyó, num novo bairro que chamou de Kossô e conservou, assim, seu título de Obá Kossô - "Rei de Kossô". Xangô guerreava para seu irmão Dadá e o reino de Oyó expandia-se para os quatro cantos do mundo. Ele se estendeu para o Norte, se estendeu para o Sul, se estendeu para o Leste e para o Oeste. Xangô, então, destronou seu irmão Dadá-Ajaká e fez-se rei em seu lugar.
 

Kabiyei Sango Alafin Oyó Alayeluwa! 
"Viva o Rei Xangô, dono do palácio de Oyó e Senhor do Mundo!"
Xangô construiu um palácio de cem colunas de bronze. Ele tinha um exército de cem mil cavaleiros. Vivia entre suas mulheres e seus filhos. Iansã, sua primeira mulher, era bonita e ciumenta. Oxum, sua segunda mulher, era coquete e dengosa. Obá, sua terceira mulher, era robusta e trabalhadora.
Sete anos mais tarde, foi o fim do seu reino:
Xangô, acompanhado de Iansã, subira à colina Igbeti, cuja vista dominava seu palácio de cem colunas de bronze. Ele queria experimentar uma nova fórmula que inventara para lançar raios.
Baoummm!!!
A fórmula era tão boa que destruiu todo o seu palácio!
Adeus mulheres, crianças, servos, riquezas, cavalos, bois e carneiros. Tudo havia desaparecido fulminado, espalhado e reduzido a cinzas. Xangô, desesperado, seguido apenas de Iansã, voltou para Tapá. Entretanto, chegando a Kossô, seu coração não suportou tanta tristeza. Xangô bateu
violentamente com os pés no chão e afundou-se terra adentro. Iansã, solidária, fez o mesmo em
Irá.
Oxum e Obá transformaram-se em rios e todos tornaram-se orixás. 
Xangô, orixá do trovão, Kawo Kabiyei le! 
Iansã, orixá da tempestade, Êpa Heyi Oiá!
Oxum, orixá das águas doces, Orê Yeyê ô!




"Orixá da justiça e do fogo, Xangô é o terceiro Alafin-Oió, e viveu em 1450 a.C., destacando-se pela sua valentia e liderança. Foi marido de Oxum, Obá e Iansã. Castiga mentirosos, infratores e ladrões. Por isso a morte pelo raio é considerada infamante, assim como uma casa atingida por uma descarga elétrica é tida como marcada pela ira de Xangô. O xerê é um chocalho feito de porongo alongado, que quando agitado lembra o barulho da chuva, é um dos símbolos de Xangô. Outro símbolo bem conhecido é o oxé, um machado de duas lâminas que deixava Xangô muito poderoso."






Fontes: Agô Orixás e Lendas Africanas dos Orixás.

terça-feira, 13 de junho de 2017

HISTÓRIA DOS ORIXÁS - "OXUMARÊ"


OXUMARÊ
É a cobra-macho, o arco-íris; Rei do Axé Axumarê.
Comida: Banana frita no azeite de oliva, feijão fradinho.
Qualidades: Toquen.
Saudação: Arroboboi!


OXUMARÉ
Oxumaré é a serpente arco-íris; suas funções são múltiplas. Diz-se que ele é um servidor de Xangô e que seu trabalho consiste em recolher a água caída sobre a terra, durante a chuva, e leva-la de volta às nuvens... .
Oxumaré é a mobilidade e a atividade. Uma de suas obrigações é a de dirigir as forças que produzem o movimento. Ele é o senhor de tudo o que é alongado. O cordão umbilical, que esta sob seu controle, é enterrado, geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore. Ele é o símbolo da continuidade e da permanência e, algumas vezes, é representado por uma serpente que se enrosca e morde a própria cauda. Enrola-se em volta da terra para impedi-la de se desagregar. Se perdesse as forças, isso seria o fim do mundo... Eis aí uma excelente razão para não se negligenciar as suas oferendas.
Oxumaré é, ao mesmo tempo, macho e fêmea. Esta dupla natureza aparece nas cores vermelha e azul que cercam o arco-íris. Ele representa também a riqueza, um dos benefícios mais apreciados no mundo dos iorubás.

Certas lendas de Ifá contam que “ ele era, outrora, um babalaô ‘filho co-proprietário da estola de cores brilhantes’ . Começou a vida com um longo período de mediocridade e mereceu, por essa razão, o desprezo de seus contemporâneos. Sua chegada final à glória e ao poder é simbolizada pelo arco-íris, que, quando aparece, faz as pessoas exclamarem: ‘Ora, ora, eis Oxumaré!’ Isso mostra que ele é universalmente conhecido e, como a presença do arco-íris impede que a chuva caia, demonstra também a sua força” .
Uma outra lenda: “ Este mesmo babalaô Oxumaré vivia duramente explorado por Olofin, o rei de Ifé, seu principal cliente. Consultava-lhe a sorte de quatro em quatro dias, mas o rei remunerava seus serviços com extrema parcimônia e Oxumaré viva num estado de semi-penúria. Felizmente para ele, foi chamado por Olokum, rainha de um reino vizinho, cujo o filho sofria de um mal estranho: não conseguia se manter em suas próprias pernas, tinha crises, nesses momentos, rolava sobre as cinzas ardentes do fogareiro. Oxumaré curou a criança e voltou a Ifé repleto de presentes, vestido com riquíssima vestimenta do mais belo azul. Olofin, espantado por este repentino esplendor e lastimando sua avareza passada, rivalizou em generosidade com Olokum, dano também a Oxumaré presentes de
valor e oferecendo-lhe uma roupa de uma bela cor vermelha. Oxumaré ficou rico, respeitável e respeitando, sem imaginar que tempos melhores ainda o esperavam. Olodumaré , o deus supremo, sofria da vista e mandou chamar Oxumaré; uma vez curado por seus cuidados recusou-se se separar dele. Desde essa época, Oxumaré reside no céu e só de tempos e tempos tem autorização de pisar na terra. Nessas ocasiões, os seres humanos tornam-se ricos e felizes” .



 "Oxumaré é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacrifícios para atingir seus objetivos. Suas tendências à duplicidade podem ser atribuídas à natureza andrógina de seu Deus. Com o sucesso tornam-se facilmente orgulhosas e pomposas e gostam de demonstrar sua grandeza recente. Não deixam de possuir certa generosidade e não se negam a estender a mão em socorro àquele que dela necessitam."




Fontes: Lendas Africanas dos Iorubás, Conhecendo os Orixás, Agô Orixá e Obra de "Verger Pierre Fatumbi."

HSTÓRIA DOS ORIXÁS - "OBALUAÊ"


OBALUAÊ
Deus da lepra, "médico dos pobres"
Sincretismo: São Lázaro - São Roque.
Comida: Deburu (pipoca).
Qualidades: Xapanã, Azauane, Omolu e outros
Saudação: Atotô!             





OBALUAÊ
Atotô!
Xapanã nasceu em Empê, no território Tapá, também chamado Nupê. Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim, chegou Xapanã em território Mahi, no Daomé. A terra dos mahis abrangia as cidades de Savalú e Dassa Zumê. Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho.
E assim ele falou:
"Ah! O grande Guerreiro chegou de Empê!
Aquele que se tomará o senhor do país!
Aquele que tomará este terra rica e próspera, chegou!
Se o povo não aceitá-lo, ele o destruirá!
É necessário que supliquem a Xapanã que vos poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário, também, que todos se curvem diante dele, que o respeitem e o sirvam.
Desde que o povo o reconheça como pai, Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!"
Quando Xapanã chegou, conduzindo seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalú e Dassa
Zumê reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no:
Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!
"Respeito e submissão!"

Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: "Está bem! Eu os pouparei!
Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade.
Construam para mim um palácio.
É aqui que viverei a partir de agora!"
Xapanã instalou-se assim entre os mahis. O país prosperou e enriqueceu, " e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê. Xapanã é considerado o deus da varíola e das doenças contagiosas. Ele tem, também, o poder de curar. As doenças contagiosas são, na realidade, punições aplicadas àqueles que o ofenderam ou conduziram-se mal.
Seu verdadeiro nome, é perigoso demais pronunciar. Por prudência, é preferível chamá-lo Obaluaê, o "Rei, Senhor da Terra" ou Omulú, o "Filho
do Senhor".


"Atua também no plano físico, junto aos profissionais de saúde, trazendo o bálsamo necessário para o alívio das dores daqueles que sofrem. O Senhor da Vida é também Guardião das Almas que ainda não se libertaram da matéria. Assim, na hora do desencarne, são eles, os falangeiros de Omulu, que vêm nos ajudar a desatar nossos fios de agregação astral-físico (cordão de prata), que ligam o perispírito ao corpo material. Os comandados de Omulu, dentre outras funções, são diretamente responsáveis pelos sítios pré e pós morte física (Hospitais, Cemitérios, Necrotérios etc.), envolvendo estes lugares com poderoso campo de força fluidíco-magnético, a fim de não deixarem que os vampiros astrais (kiumbas desqualificados) sorvam energias do duplo etérico daqueles que estão em vias de falecerem ou falecidos."





Fonte: Conhecendo os Orixás, Agô Orixá e Lendas Africanas dos Orixás.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

HISTÓRIAS DOS ORIXÁS - "OSSAIN"


OSSAIN
Deus das folhas e das plantas medicinais
Comida: Fumo.
Saudação: Assaú! Eruegé.





OSSAIN, o senhor das folhas.
Ossain recebera de Olodumaré o segredo das folhas. Ele sabia que algumas delas traziam a calma ou o vigor. Outras, a sorte, as glórias, as honras, ou, ainda, a miséria, as doenças e os acidentes. Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma planta, eles dependiam de Ossain para manter a saúde ou para o sucesso de suas iniciativas. Xangô, cujo temperamento é impaciente, guerreiro e imperioso, irritado com esta desvantagem, usou de um ardil para tentar usurpar, de Ossain, a propriedade das folhas. Falou do plano à sua esposa Iansã, a senhora dos ventos e explicou-lhe que, em certos dias,
Ossain pendurava, num galho de lroko, uma cabaça contendo suas folhas mais poderosas.
"Desencadeie uma tempestade bem forte num desses dias", disse-lhe Xangô.
Iansã aceitou a missão com muito gosto. O vento soprou a grandes rajadas, levando o telhado das casas, arrancando as árvores, quebrando tudo por onde passava e o fim desejado, soltando a cabaça do galho onde estava pendurada. A cabaça rolou para longe e todas as folhas voaram. Os orixás se apoderaram de todas. Cada um tomou-se dono de algumas delas, mas, Ossain permaneceu senhor do segredo de suas virtudes e das palavras que devem ser pronunciadas para provocar sua ação. E, assim, continuou a reinar sobre as plantas, como senhor absoluto, graças ao poder (axé) que possui sobre elas.



"Ossain é a divindade das plantas medicinais e litúrgicas. A sua importância é fundamental, pois nenhuma cerimônia pode ser feita sem a sua presença, sendo ele o detentor do à ( o poder ), imprescindível até mesmo aos próprios deuses. O nome das plantas, a sua utilização e as palavras ( f ), cuja força desperta seus poderes, são os elementos mais secretos do ritual no culto aos deuses iorubás. O símbolo de Ossain é uma haste de ferro, tendo, na extremidade superior, um pássaro em ferro forjado; esta mesma haste é cercada por seis outras dirigidas em leque para o alto."




Fonte: Lendas Africanas dos Orixás, Agô Orixá e Deuses Iorubás na África e no Mundo.